Papagaio-chauá

Conheça o trabalho de diversas entidades para impedir o tráfico de animais silvestres, como o papagaio-chauá, e reintroduzi-los na natureza.

60 vidas salvas do tráfico
de animais silvestres

Além da fragmentação e descaracterização da floresta, várias espécies sofrem com o tráfico de animais silvestres, e, como consequência, passam a fazer parte da lista de animais ameaçados de extinção. Dentre estas espécies, está o papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha), espécie endêmica da Mata Atlântica.

O papagaio costumava ser abundante em seu habitat de floresta tropical, mas seus números vêm diminuindo a cada ano. A principal ameaça enfrentada pela espécie é a degradação do habitat, já que a maior parte das florestas foram desmatadas por madeireiras, convertidas em pastagens e plantações. Outra grande ameaça é o tráfico de animais silvestres.

Por todas estas razões, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) inseriu o chauá na sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção como “espécie em perigo”.

Em novembro de 2021, uma ação conjunta da Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais, prendeu membros de uma organização criminosa que traficava aves silvestres. Uma das espécies traficadas era o papagaio-chauá, retirado do seu hábitat natural, em sua maioria de reservas florestais do Espírito Santo, e colocados em caixas pequenas para serem vendidos no mercado ilegal. Foram identificadas oito pessoas envolvidas neste crime, que irão responder judicialmente.

Ao todo, 60 papagaios-chauá foram resgatados e posteriormente encaminhados ao Projeto ARCA do CEP: Avaliação, Recuperação e Conservação dos Animais Ameaçados de Extinção do Centro Pernambuco de Endemismo, coordenado pelo Professor Dr. Luís Fábio Silveira, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Este projeto conta com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Após vários meses de cuidados intensos, todos os 60 papagaios foram reabilitados e encaminhados ao Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA) de Alagoas, onde a espécie se encontra extinta. O transporte de tantas aves juntas não foi uma tarefa fácil. Os papagaios foram transportados de avião com apoio da BluestOne.

As aves saíram de São Paulo e foram direto para Alagoas, onde foram soltas na Mata Atlântica, em áreas preservadas e monitoradas. Antes da soltura, os papagaios passaram por um processo de reabilitação que envolve, entre outros aspectos, o desenvolvimento de musculatura de voo, receberam alimentos encontrados na região, e também passaram por exames clínicos, evitando a disseminação de doenças para as aves na natureza.

Dessas 60 aves, 40 foram reabilitadas na Fundação Lymington, onde, há mais de 20 anos, um dos fundadores, o Sr. Willian Karl Wittkoff (carinhosamente conhecido como Sr. Bill), dedica sua vida à conservação de aves ameaçadas de extinção, como a ararajuba, a arara-azul-grande, a arara-azul-de-lear e o papagaio-de-peito-roxo.

As outras 20 aves eram filhotes recém-nascidos e, por isso, foram encaminhadas para o criadouro Sergio Polezel, que possui experiência com a criação desde o primeiro dia de vida.

O processo de treinamento pré-soltura acontecerá no Centro de Educação Ambiental Pedro Nardelli, localizado na Usina Utinga, em Alagoas. Este Centro já possui sob sua guarda um casal de mutum-de-alagoas, recentemente reintroduzido na mesma região. O IPMA é o gestor do Centro, que tem como presidente o ambientalista Fernando Pinto. Após a reabilitação, os papagaios serão transferidos para recintos construídos no meio da mata, onde eles serão finalmente soltos, com previsão para 2023.

O projeto só foi possível com o trabalho conjunto de várias entidades, como o setor sucroalcooleiro de Alagoas, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA), IBAMA do Espírito Santo, Batalhão Policial Ambiental de Alagoas (BPA) e o Ministério Público de Alagoas, com o premiado programa PRÓ-ESPÉCIES, incentivado e coordenado pelo promotor Dr. Alberto Fonseca.

A Fundação Lymington recebeu mais 22 papagaios-chauá vindos do IBAMA, de Porto Seguro-BA, oriundos da apreensão de traficantes e de um criadouro do Rio de Janeiro. Os animais estão passando por reabilitação e, em breve, irão se juntar aos outros 60 de Alagoas para voltarem à natureza.

A BluestOne tem orgulho de ser parceira da Fundação Lymington. Investimos na fundação para que ela possa intensificar seus trabalhos de reprodução dessas espécies, com o objetivo de levar todos os filhotes nascidos no criadouro para serem reintroduzidos na natureza, ajudando a tirá-los do risco de extinção.

Este é o primeiro projeto de reintrodução da espécie, iniciando com aproximadamente 100 em vida livre. Juntos, vamos conservar a biodiversidade!

Veja os vídeos sobre o Papagaio-chauá

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